A Rosa Branca é um dos 30 contos de Julia Lopes de almeida (1862-1934) em Ânsia Eterna (Garnier, 1903) e explora a relação de uma avó com duas netas, irmãs de 9 e 11 anos, mas bastante diferentes entre si. A avó, já viúva, mostrava abertamente predileção pela mais velha, a menina que mais se parecia com o falecido marido, até o dia em que um ritual, envolvendo uma rosa branca, passa a fazer parte daquele lar. “Injustiças é que me revoltam”, reclamava a avó, diante de um fato que só o leitor vai conhecer, até o desfecho da história. O conto de Júlia explora a fé religiosa, em especial na figura da mãe de Deus. Uma nova rosa branca aparecia todas as manhãs, sob o manto estrelado da Virgem das Dores.
O conto nos motiva a desvelar um pouco mais sobre as rosas, uma das flores prediletas quando o assunto é presentear uma mãe ou uma mulher. Imagine ser uma flor que existe há mais de 200 milhões de anos, uma das mais antigas do mundo. Ânsia Eterna, por sua vez, é um livro disposto em camadas, que interpola o grotesco e o insólito em suas histórias, talvez para dar conta do desdobramento metafórico que nos permite a interpretação do título: o desejo feminino de igualdade e respeito, território que ela militou tão bem. Boa leitura!
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