Éramos fãs incondicionais daquela criatividade de Mãe. E esse sentimento não se limitava apenas aos frangotes. Os mais taludinhos e até os já marmanjos, quase donos de suas ventas, como ela bem dizia, não hesitavam em rodeá-la naqueles encontros diários que aconteciam como extensão do horário do almoço, quando nos dávamos conta de que os surrados pratos de esmalte, nas cores branca e azul-anil, já estavam vazios e praticamente lavados pelo cuidado de nada deixarmos sobrar. Afinal, pai já havia partido e deixado a viúva com oito rebentos em diferentes idades, quatro agregados, aluguel para pagar e um salário mínimo por mês, fortuna que mãe administrava como um gênio de causar inveja aos prêmios Nobel de economia. Era, portanto, atribuição exclusiva dela distribuir, com parcimônia e justiça salomônica, o que nos cabia em cada refeição.
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