Como morávamos no bairro de São Raimundo e a grana fosse apertadíssima, três vezes por semana à tarde tínhamos uma longa jornada a enfrentar. Começava pela travessia do igarapé até o bairro de Aparecida. O pai de meu amigo, catraieiro, nos fazia economizar um trocado que sempre era investido num picolé, de buriti ou groselha, devorado com parcimônia ao longo do trajeto. Gostava de ouvir o movimento competente do par de remos da catraia. As mãos hábeis do catraieiro tinham tamanha familiaridade com os remos, que eles pareciam ser abraçados sem nenhuma resistência pelas águas do igarapé.
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