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Para Lembrar Depois

Ingrid Bleil

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saudade das festinhas. e dos protestos, do carnaval, da arena lotada pro jogo, de tomar café com a adri, do cinema. saudade, mais ainda, de escolher. pois ninguém gosta de se sentir obrigado, forçado a algo, e essa tirania necessária - nunca im
foi dos voos mais aprazíveis que já peguei, mesmo em tempos de pandemia. nenhuma turbulência, nem atraso, nem imprevistos, nem tempo ruim. o transcontinental que me trouxe até aqui cruzou sete mil quilômetros e pousou do outro lado do oceano em
toda escolha uma renúncia. poderia repetir este mantra para sempre - foi através dele que compreendi que a gente precisa, tem que, deve aprender a lidar com as consequências do que escolhemos, que surgem das pequenas decisões diárias, das grand
não posso com discurso motivacional. me enche o saco, me irrita. aquela coisa de ter uma atitude positiva, se priorizar, não dar valor à opinião alheia. sim, é importante trabalhar mentalmente estes mantras e tentar viver sempre sendo nosso pró
dormir escutando o som da chuva. correio entregando o tão esperado pacote. intuição certeira. pedir algo diferente em um restaurante e ser positivamente surpreendida com a escolha. encontrar dinheiro no bolso de um casaco qualquer. tirar o sapa
vi neve pela primeira vez, neve mesmo, montanhas nevadas, quando fui ao chile. achei extraordinário, soberbo, um luxo, e desejei viver em algum lugar com alpes brancos desde então. ledo engano - comum, também. não muito tempo depois eu odiei ne
você tem coisas demais. tenho certeza, garanto com precisão cirúrgica que sim. você entope sua existência com cacarecos e coisinhas e insignificâncias que aparentemente não custam caro, mas não percebe o quanto de sua vida foi gasto para adquir
às vezes sim, sinto falta do trabalho que eu tinha antes e da minha vida agitada em caxias. em outras oportunidades sinto falta de berlin, das nuances desta capital que despeja, exala, transparece, sangra história. em alguns dias aqui e ali pen
não vou me estender muito aqui porque quero que você preste atenção ao que falamos na edição desta semana. atenção de fato, para pensar depois sobre o tema. a foto de capa do episódio de hoje é descontraída para te induzir a ouvir o podcast pen
maria soube antes de qualquer outro que eu partiria. não porque eu contei, veja bem, logo nós duas que tanto gostamos de falar, não precisamos desta forma de expressão tão exata e codificada para transmitir aquilo que se comparte só com um olha
avisei a luíza que tinham cancelado meu voo e eu chegaria mais tarde. havia recém pousado no aeroporto de münchen ansiosa pela próxima conexão, que me levaria a londres, primeira cidade no exterior que visitei junto com minha amiga. o cancelame
sou muito de humanas. desde sempre, toda sonhadora, das crianças que gostam de brincar sozinhas e criam mentalmente mil mundos onde tudo é possível. observo cada pequeno detalhe do que me rodeia e crio roteiros imaginários, histórias, cenários,
fiz as pazes com o rosa. mas primeiro abominei-o, jurei que jamais voltaria a usá-lo, que eu não sou de seguir imposições. na busca por minha identidade, neguei tudo que senti que me obrigaram a gostar, fazer, vestir. não quis mais me relaciona
toda grande amiga minha já morou na irlanda, parece que é necessário para que eu me apegue. citando rapidamente alguns nomes, adri, fabi, luíza, claire e júlia já colocaram os pezinhos lá para experimentar os charmes da ilha da esmeralda. sempr
foi o dia mais frio que vivi. minha mãe havia me emprestado o casaco dela e eu agradeço até hoje por isso. pleno janeiro de 2019, após a virada de ano mais incrível que já passei, eu estava de bem com berlin. fiz as pazes com a cidade e estava
eu não queria pedir demissão e ele não queria me demitir, mas era claro que ali não era mais meu lugar. e já fazia tempo que não era. foi a quarta (ou quinta) escola de inglês em que eu trabalhava e eu estava exausta. vinte e quatro anos de ida
na finaleira da quarentena, despontando o verão, depois de jurar que não sucumbiria aos efeitos do isolamento, eu também assei bolos, mudei o cabelo e criei um podcast. mania de me achar imune, forte, superior aos efeitos das crises. mas também
a júlia me mandou mensagem um dia pedindo se eu estava ocupada. eu mal e mal conhecia ela, mas como eu estava em casa mesmo, a gente saiu pra noite. lembro que nos conhecemos numa festa através de uma amiga em comum e o que primeiro nos uniu fo
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