Podchaser Logo
Home
Profundas Aguas - Poesia da leveza e abismo do ser

Profundas Aguas - Poesia da leveza e abismo do ser

Released Saturday, 27th April 2024
Good episode? Give it some love!
Profundas Aguas - Poesia da leveza e abismo do ser

Profundas Aguas - Poesia da leveza e abismo do ser

Profundas Aguas - Poesia da leveza e abismo do ser

Profundas Aguas - Poesia da leveza e abismo do ser

Saturday, 27th April 2024
Good episode? Give it some love!
Rate Episode

Nesse episódio, Mirella nos leva ao mergulho mais intimo de nossas próprias águas


________________

[email protected] 

•https://www.linkedin.com/in/mirella-d-angelo-viviani-39717341/

•https://linktr.ee/institutocasadotodos


________________


Poesia. História. Poesia. Poesia. A lagoa brilhava, respondendo ao sol que dourava a água com muita ternura. Eu estava lá. Tudo era. Estava tranquilo. O vento era quase suave, ondas pequenas sossegava, acabando se no continente do encontro com árido solo craquelado.


O sol queimava o fundo da lagoa. Era possível de ver a olho nu, esculpia contornos suaves e, em lugar das montanhas, miniaturas que eram luminosas, reluziam a energia do sol que tingia a água. A água estava dourada em todo o seu dorso. Um som sujo próximo de mim vem de dentro de baixo da água e sobe à tona a estoura.


Uma bela bolha gigante desenha círculos, círculos, círculos sobre a água. Eu observo. Recebo o inesperado e sorrio. Era como se alguém invisível brincando comigo tivesse lançado ali uma pedra ou mesmo soprado o ar por um canudo lá para dentro da água. O fato é que eram belas bolhas de ar que emitiam aconchegantes sons ao estourar.


Produziu uma coreografia de círculos que dançavam sem fim até desaparecerem no maior. E eu estava lá. Sento me uma pedra e repouso meus pés sobre o lodo brilhante. Um depois o outro, os dois banhados pela água que era morna e agradável. Depois ponho me em pé. Sinto o peso do meu corpo autorizar um espaço do lodo, iniciar um caminhar lento, bem lento do lodo penetrando em meus dedos e eu caminhando sobre ele, sobre o lodo.


Surpreendo me a cada macio passo. Por debaixo dos meus pés saem bolhas de ar. Recolhi a vivência em meus sentidos. Meus pés em serena sensação de plenitude, de ternura, Percebiam se embalados pelo ventre aerado daquela matéria orgânica disponível para mim. As bolhas emergiam únicas e estouravam quando encontrava um ousado olhar imprevisto do vento.


Quando olhavam o sol, elas estouravam. Era ar. Existia ar recheando aquele solo de lama tão delicado e sutil. A cada passo imaginava espaços de respiração no submerso solo. Existia a vida. Ali a vida vibrava, vibrava, honrando o único com brincadeiras de fazer estourar bolhas com barulhos de infância.


Uma experiência que me tomava. Eu recebia a oferta e ficava lá e mais um pouco. Experimentava a sensação de ser o que eu vivia, ser o lodo, ser a água, ser as bolhas de ar, ser o sol, ser o vento. Procurava trazer à tona de mim, do meu lodo mais profundo, bolhas de ar, espaços de respiração. Pensava, sentia e procurava brincar com elas.


O ritmo sincrônico do borbulhar fazia me me alegrar e o presente recebia tudo aquilo que reverberava em calor. Mas sabem, muito rápido. Veio uma transformação. O vento aumentou, batia em meu rosto com seu cheiro gelado. Um vento presente circular. A água que era tranquila, ficou poderosamente brava e pequenas ondas passaram a estourar em meus pés, em minhas pernas, em minhas coxas.

Opaca. A água agora barrenta, remexia todo seu fundo. Estas ondas e mais ondas mostravam o seu desconforto e mudavam o estado de espírito da lagoa, que agora não estava mais tranquila. Eu estava lá e senti uma profunda gratidão, uma experiência única.

Show More

Unlock more with Podchaser Pro

  • Audience Insights
  • Contact Information
  • Demographics
  • Charts
  • Sponsor History
  • and More!
Pro Features